quarta-feira, 13 de abril de 2022

Quarta-Feira Santa



 "Palavras de Jesus na cruz

1. Enquanto Jesus é ultrajado na cruz, por aquela gente bárbara, ele suplica por eles e diz: 'Meu Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem' (Lc 23, 24). Ó Padre eterno, ouvi vosso Filho bem amado, que, morrendo, vos roga que me perdoeis também a mim, que tantas vezes vos ofendi.

Depois Jesus, voltando-se para o bom ladrão que lhe pede perdão, diz: 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23, 46). Oh, como é verdade o que diz o Senhor por Ezequiel que, quando um pecador se arrepende de suas culpas, ele se esquece, por assim dizer, de todas as ofensas que lhe foram feitas: 'Se, porém, o ímpio fizer penitência... não me recordarei mais de todas as suas iniquidades' (Ez 18, 21). Oh! se eu nunca vos tivesse ofendido, ó meu Jesus; mas, visto que o mal está feito, esquecei-vos, eu vos suplico, dos desgostos que vos dei e, por aquela morte tão cruel que sofrestes por mim, levai-me ao vosso reino depois de minha morte e, enquanto eu vivo, fazei que o vosso amor reine sempre em minha alma.

2. Jesus agonizando na cruz, com seus ombros dilacerados e sua alma sumamente aflita, procura quem o console. Olha para Maria; mas essa mãe dolorosa mais o aflige com suas dores. Busca conforto junto de seu Pai; mas este, vendo-o coberto com todos os pecados dos homens, também o abandona. Foi então que Jesus deu um grande brado: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonais?' (Mt 27, 46). Este abandono do Padre eterno fez que a morte de Jesus fosse a mais amarga que jamais sofreu algum penitente ou algum mártir, pois foi uma morte toda desolada e privada de qualquer alívio. Ó meu Jesus, como pude viver tanto tempo esquecido de vós? Agradeço-vos o não terdes esquecido de mim. Eu vos suplico que me façais recordar sempre da morte cruel que suportastes por meu amor, para que eu nunca mais me esqueça do amor que tendes testemunhado.

3. Afinal, sabendo Jesus que seu sacrifício já estava consumado, disse: 'Tenho sede' (Jo 12, 28). E aqueles carrascos lhe puseram nos lábios uma esponja toda embedida no vinagre e fel. Mas, Senhor, vós não vos queixais de tantas dores que vos roubam a vida e agora vos queixais de sede? 

Ah, eu vos compreendo, meu Jesus, a vossa sede é de amor; porque vós nos amais, desejais ser amado por nós. Ajudai-me, pois, a exeplir do meu coração todos os afetos que não são para vós: fazei que eu não ame outra coisa senão a vós sois o meu amor. Ó Maria, minha Mãe, impetrai-me a graça de não querer outra coisa senão o que Deus quer".

Livro: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Santo Afonso de Ligório

Nenhum comentário:

Postar um comentário